Lavandaria

Fixei o meu olhar no chão.
- Eu acho que tu é que me tens de mandar mensagem, quando...já tiveres tomado uma decisão. - sussurrei.
Quando vi Martin a olhar confuso para todos os botões da máquina, olhei-o.
- Precisas de ajuda? - perguntei.

Olhei-a envergonhado.
Abanei a cabeça fazendo sinal que sim.
(---)

Soltei uma pequena e envergonhada gargalhada.
Aproximei-me da máquina onde ele tinha colocado toda a sua roupa e coloquei o amaciador seguido do detergente e fechei a máquina. Carreguei no pequeno botão e rapidamente a máquina começou a trabalhar. Quando me virei para trás Martin estava demasiado perto o que fez com que as nossas caras ficassem a milimetros de distância. Fechei os olhos e inspirei o seu cheiro, provavelmente esta seria a última vez que o teria tão perto.

Olhei-a nos olhos.
Sem pensar duas vezes, abracei-a. Larguei-a rapidamente.
- Desculpa... - murmurei.

Quando me encontrei nos seus braços um verdadeiro sorriso apareceu no meu rosto.
Mas este rapidamente desapareceu quando ele me largou rapidamente.
- Não peças desculpa, eu gostei.... - senti-me corar como nos velhos tempos e lembrei-me de quando ele me chamou ''morango'' no rio. Senti as lágrimas atacarem-me novamente. - Desculpa Martin, perdoa-me por favor... - solucei. - Eu não consigo viver sem ti... - desabafei.

Suspirei.
- Não chores, por favor. - pedi.
Fixei a minha roupa dentro da máquina.

Limpei algumas lágrimas com as pontas dos meus dedos.
- Martin eu não consigo... - disse. - Eu fiz merda, eu sei, mas pensar que te posso perder... - funguei.
Esta última parte fez com que as lágrimas me atacassem de novo. Eu precisava de Martin...

Encarei-a:
- Eu sei, por isso é que acho que é melhor esperarmos algum tempo... - expliquei-lhe.
Sentei-me no banco.

Fixei o meu olhar no chão.
- Mas..isso quer dizer que está tudo acabado? - perguntei a medo da sua resposta.
Quando vi Martin sentar-se novamente no banco, pensei se deveria ou não sentar-me, mas apesar de tudo sentei-me, deixando algum espaço entre nós.

Fiz com que ela olha-se para mim:
- Eu não disse nada disso, okay ? - disse.
Eu estava magoado, e precisa de pensar.

Senti um enorme alívio com a sua resposta.
- Está bem então... - suspirei. - Eu vou esperar...o tempo que precisares... - declarei.
Levantei-me e aproximei-me dele.
- Depois basta carregares no botão, abrir a porta e tirar a roupa... - disse apontando para a máquina. Depositei um beijo molhado no canto da sua boca, sem o beijar e dirigi-me à porta.

Olhei-a:
- Obrigada.
(---)

Assim que a máquina acabou de lavar, peguei as minhas roupas e saí dali.
Aquele parvalhão continua á porta da lavandaria, cheguei perto dele e arranguei-o pelos colarinhos:
- Ve lá com quem te metes... - ameaçei-o e mandei-o para o chão.
Saí daquilo e foi pousar as minhas roupas no quarto, voltei a sair, sem destino.